domingo, 24 de abril de 2011

Prece


Ele chegou atordoado.
Desligou as lamparinas.
Deixou cair seus livros de cabeceira.
A respiração é ofegante.

A alma está com as feridas abertas novamente.

Soluços ecoando dentro de si.
A lua clareia sua janela.
Olhos no céu, no céu que já foi nosso.
A voz saia tremida, embargada.

Pai...

Sei que sua vontade é fazer a minha vida um poema.
Versos nas cicatrizes.
Pureza das palavras, que são amputadas da minha alma.
Por que tudo me dói tanto.

Por que o Senhor me arremessa nas penhas com a força do seu mar?
O sofrimento é lâmina, a rasgar minha pele para sair toda luz.
Um espetáculo onde a dor, ilumina a vida dos meus semelhantes.
Onde minha solidão, me faz companheiro dos sofredores de todo o mundo.

Por que as vezes seu silêncio me deixa surdo.
Faça das minhas lágrimas um rio, para as feridas dos meu semelhantes.
Se fizer minha vida grande em significado para alguém.
Carregarei minha dor e melancolia, em meio a um sorriso lacônico.

Andando e sentindo a solidão da estrada.
O frio nos ossos.
Plantando as semente de vida.
Que são frações da minha alma.

E ficaremos juntos quando tudo acabar.

2 comentários:

Ana disse...

chega a doer aqui...
mas é de uma beleza sem igual.


colo e cafuné ♥

A Equilibrista disse...

Feridas abertas...
Será que Ele nos ouve? Tenha a impressão de ouvir apenas o eco de minha voz como resposta.
Mas sei que Ele ouve...

A realidade tem essa mania de nos pegar desprevenidos...

Lindo, como sempre! Saudades...

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