quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Lembranças.




Deito, enquanto cai uma chuva fina lá fora, me pego olhando para o teto por longos minutos, só mais uma das minhas manias, as lembranças arranham a janela, produzindo aqueles barulhos insuportáveis. E percebo que vim me perdendo, migalha após migalha, dia após dia até chegar aqui, no melhor estilo João e Maria.

Não são pensamentos de auto piedade ou depressivos, talvez sejam pensamentos de silêncio que estão sempre a falar, não sei superar as perdas e não me avisaram que a vida seria cheia delas, mas enfim paro de pensar nas perdas, olho meus livros, meus sapatos gastos, tudo aquilo, tem um pouco de mim, meio gasto, meio silencioso.

O relógio de parede da o tom, o tempo é duro, mas enfim são ponderações demais, gotas demais, sapatos demais e pessoas de menos, uma a uma vão descendo feito gotas que escorrem pela janela, mas com uma diferença, não são substituídas por nenhuma outra nova gota, vão virando borrões e sumindo.

A mão soca o vidro da janela com certa violência, não! Eu não vou sair, sou ferrugem nos ponteiros.

4 comentários:

Evandro L. Mezadri disse...

Belíssimo texto, cheio de imagens e dramaticidade, ornado por solidão!
Grande abraço e sucesso!

Unknown disse...

Adoro seu estilo, grata por partilhar 😊

Unknown disse...

Adoro seu estilo, grata por partilhar 😊

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